quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Getúlio do Bondinho

O mineiro Getúlio Damado chegou ao Rio garoto e logo descobriu o potencial dos pontos turísticos da cidade: são ótimos para conquistas. Já levou namoradas ao Cristo, Pão de Açúcar, Paquetá. O cenário preferido das paixões, porém, era o bondinho de Santa Teresa. Perfeito para os passeios românticos, o bonde acabou se tornando o ganha-pão de Damado. Criou uma réplica em tamanho menor na Rua Leopoldo Fróes, perto do supermercado conhecido como Maracanã, e lá montou seu ateliê de embalagens plásticas, e, claro, bondinhos de todos os tamanhos, que custam a partir de R$ 20.

Quando você chegou ao Rio?
Logo depois da Copa de 70
. Hoje tenho 53 anos.

Você deve conhecer todo mundo em Santa.
Ih... Minha memória é péssima. As pessoas até me dão telefone, mas eu perco. Tenho problema com números e nomes. Já me casei um monte de vezes e não sei a data de nenhum dos casamentos.

Isso deve ser um problema. Está casado?
Já morei com seis criaturas. Conheci uma no trem e me casei no mesmo dia. Ela com três filhos e eu com dois. De repente, ela engravidou. Um dia, me disse: "Você é um cara maneiro, mas ganha pouco, vou ter que me virar". Somos amigos até hoje. Agora estou solteiro... Mulher reclama, dá muita aporrinhação. Mas sem ela a gente fica triste demais.

Você se considera que tipo de artista?
Sou um artista duro mas, feliz. São Paulo, por exemplo, está empesteado de obra minha. Eu me comunico com o mundo inteiro.

Você fala várias línguas? Como vende para os turistas?
Não gravo uma palavra que seja em outras línguas, eu me comunico por mímica. O que interessa é que comprem. As pessoas entendem minha arte, não é preciso falar.

Já trabalhou com outra coisa?
Trabalhei um tempo num supermercado e dele comprei três filiais, com outros funcionários. O dono foi obrigado a nos vender barato e em prestações porque devia salários. Isso eu lembro bem porque nós falimos a casa.

Não pensa em montar uma loja?
Aqui é um cantinho do céu para mim. É coberto, tenho luz, telefone, um radinho. Até bebo água na delegacia ou no supermercado.

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