quarta-feira, 24 de novembro de 2010

De perto com a morte - por motivo fútil

Ontem, tiros voltaram a assustar moradores de Madureira, na altura da Serrinha, mas desta vez os disparos nada tiveram a ver com a disputa travada entre traficantes pelos pontos de venda de drogas na comunidade. O alvo de cerca de 15 disparos era Christian dos Santos Silva, de 18 anos, que estava no posto do Detran, localizado na Rua Edgar Romero, para renovar sua carteira de identidade que havia vencido. Pelo menos seis tiros acertaram o jovem, que morreu na hora. O crime foi executado por um homem que fugiu por um dos acessos à Serrinha, na Zona Norte do Rio. Outras duas pessoas ficaram feridas.

Christian dos Santos Silva foi morto quando deixava o Detran, por volta do meio-dia. A Delegacia de Homicídios (DH) está utilizando imagens gravadas por câmeras de segurança instaladas na fachada da Caixa Beneficente da Polícia Militar do Rio de Janeiro, estabeleciento vizinho ao Detran, para identificar o autor dos disparos.

Duas pessoas que estavam próximas ao local foram baleadas na perna. Renan da Silva Bruno, de 11 anos, foi levado para a a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Irajá e depois transferido para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Já Anderson Iago de Carvalho, de 18 anos, foi atendido no Hospital Carlos Chagas.

De acordo com a delegada adjunta da DH, Tatiana Queiroz, uma das possibilidades investigadas é que o crime tenha causa passional. O jovem morto era pai de um bebê de sete meses, de cuja mãe já estava separado há seis meses.Christian dos Santos Silva estava casado com outra mulher, morando em Inhaúma. Sua família mora em Vaz Lobo, bairro vizinho à Madureira.  Há suspeitas de que ele tivesse relação com
outra mulher, da Serrinha.

O posto do Detran foi fechado logo após o ocorrido. Funcionários estavam bastante assustados, e a sala de atendimento principal ficou com marcas de sangue, já que as duas vítimas baleadas na perna correram para dentro do posto para se proteger, assim como outros pedestres que passavam pelo local.

— A criança de 11 anos correu para uma sala lá no fundo do corredor e ficou escondida. Demorou um tempo até notarmos que ela havia sido baleada. Todos ficamos muito assustados, ainda mais depois do que vem ocorrendo aqui na Serrinha — disse um funcionário do Detran.

O corpo de Christian dos Santos Silva foi periciado e retirado do local por volta das 15h. A mãe do jovem, Elisabeth dos Santos Silva, esteve no local e não quis falar com a imprensa. Alexandre Silva, o primeiro parente a chegar na cena do crime, contou que o sobrinho estava morando em Inhaúma e que trabalhava como entregador. Ele não soube dizer o que poderia ter motivado o crime. A avó do jovem morto estava
muito abalada:

— Eu ensinei tudo a ele. Minha consciência está tranquila. Nunca imaginei que iria passar por isso — disse, sem se identificar.