tag:blogger.com,1999:blog-40084708133421211062024-03-04T22:30:25.186-08:00Um olhar sob o RioO que não está tão aparente assim na Cidade MaravilhosaRenata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.comBlogger21125tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-17941763786806644862013-10-07T18:30:00.000-07:002013-10-07T18:30:16.290-07:00O nu como metáfora do abandonoA fumaça, o ronco do motor dos carros ou o barulho das buzinas parecem não incomodar o sono tranquilo de Gabriel dos Anjos Barbosa, de 25 anos. Ele é visto, com frequência, bastante à vontade — até um pouco demais — deitado em sua cama improvisada na saída do Túnel Acústico, na Gávea. Os motoristas que reparam no homem magro sobre o colchão podem até julgá-lo como um desavergonhado, afinal Gabriel tem o hábito de dormir completamente nu. Entretanto, aqueles que o abordarem perceberão que o morador de rua é na verdade bastante tímido. Talvez não hesite em se despir na hora do descanso, convencido de que se tornou invisível aos olhos da sociedade.<br />
<br />Ao ser acordado por estranhos nessa situação, nesta sexta, por volta do meio-dia, repetiu o pedido de desculpas e a promessa de que aquilo não se repetiria. O movimento para se cobrir com o cobertor foi instintivo e mais rápido até do que o despertar do mundo dos sonhos. Gabriel tem cerca de 1,70m, lhe falta pelo menos um dente e as palavras saem emboladas de sua boca, o que, combinado com o barulho do tráfego intenso no túnel, torna difícil o processo de decifrar um pouco dessa personalidade.<br />
<br />O colchão fica posicionado em uma pequena área de terra, localizada próxima a um vão que separa as duas pistas do túnel e serve de escada para os aposentos do sem-teto. A pilastra do túnel virou guarda-roupa: ali ficam penduradas as duas camisetas e as duas bermudas de Gabriel. Há ainda uma garrafa PET com água, uma mochila e um par de tênis. Em cima do colchão um lençol e um cobertor, que no ambiente abafado, costumam ser dispensados pelo homem ao longo do período de sono.<br />Ele não sabe dizer ao certo há quantos anos vive nas ruas, só que “faz muito tempo”. Com a mão no queixo, pensa um pouco e conta ter saído de casa por causa do padrasto, José Maia, que mora na Rocinha.<br />
<br />— Ele é ruim. A gente não se dá bem — diz, sem se alongar.<br />
<br />Também prefere não falar muito da mãe, que morreu há cerca de 10 anos e de quem conta sentir falta. Antes disso, Gabriel já havia saído de casa. Não tem irmãos e o pai não conheceu. As poucas roupas que carrega foram doadas por moradores da Gávea e as refeições consegue com comerciantes, que trabalham nos quiosques localizados nas proximidades da PUC. Nascido em Nova Iguaçu, não conseguiu passar da 4º ano, mas gostaria de voltar a estudar. Nunca trabalhou. Garante que não bebe e nem usa drogas, mas já foi parar na delegacia uma vez.<br />
<br />- Por engano - pontua ele.<br />
<br />Os policiais o acusaram de roubo, mas ao chegar à delegacia a vítima teria afirmado que se tratava do homem errado.<br />
<br />- Eles até me pediram desculpas - contou.<br />
<br />
O morador de rua já passou mais de uma temporada num abrigo da prefeitura, mas não se adaptou. Se foi maltratado?<br />
<br />— Não, isso não. Mas não gostei — resumiu.<br />
<br />Refeito do susto do despertar súbito e já envolto no cobertor, Gabriel disse que se vestiria para deixar o “dormitório”, como que pedindo licença para pegar as roupas no “armário”. Antes de pedir algo para comer nos quiosques, planejava tomar um banho no canal localizado em frente ao portão de saída da PUC, no terminal de ônibus. Ali, usaria cueca.Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-38090920696498456482013-02-05T11:00:00.000-08:002013-02-05T11:00:52.742-08:00Morro da Conceição: ar de cidade do interior em pleno Centro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBlaAXPdjuuu0BojKaGF2SnCvNnXbdC75cKFjL-_fovYe_DktSTcyvAUUJPfB3WglW0AUAVLWIrGHm6NXoF6j9y_1Cz8S9jrWElJhyphenhyphenmT2JjH_WIWBKdhJZZNQkZdj_TZ-7xyUK59clMhw/s1600/morro+da+concei%C3%A7%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" ea="true" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiBlaAXPdjuuu0BojKaGF2SnCvNnXbdC75cKFjL-_fovYe_DktSTcyvAUUJPfB3WglW0AUAVLWIrGHm6NXoF6j9y_1Cz8S9jrWElJhyphenhyphenmT2JjH_WIWBKdhJZZNQkZdj_TZ-7xyUK59clMhw/s320/morro+da+concei%C3%A7%C3%A3o.jpg" width="320" /></a></div>
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Por volta das 18h, senhorinhas posicionam sua cadeira na porta de casa e se preparam para ouvir as badaladas da ave-maria soadas pela igreja. Logo depois, o momento de religiosidade dá vez a fofocas sobre a vizinhança. Sonhos não faltam por ali e — pelo menos os recheados de creme — são anunciados pela buzina de uma bicicleta conduzida pelo padeiro, que entrega de porta em porta, diariamente, o doce e pães quentinhos. O caminho também é percorrido pelo vendedor de botijões de gás e pelo vassoureiro. O ar típico de cidade do interior paira sobre um oásis estacionado no tempo, em pleno Centro do Rio, e que cada vez se torna mais conhecido dos cariocas. Bem-vindo ao Morro da Conceição.</div>
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Os sambas às segundas e sextas-feiras na Pedra do Sal e a cerveja gelada servida no Imaculada Conceição, restaurante aberto há dois anos, vêm levando moradores de outros pontos da cidade a se aventurarem nas ladeiras e escadarias do morro. O local é circundado pelas ruas Sacadura Cabral e Acre, e, bem perto dali, estão ainda as avenidas Rio Branco e Presidente Vargas, além da Perimetral. A revitalização da Zona Portuária também colocou o morro em evidência.</div>
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— Eu morava em Vila Isabel quando vim pela primeira vez. Fiquei chocada. É como uma ilha esquecida, no meio de um tempo tão corrido — filosofa a artista plástica Adriana Eu, que há quatro anos se mudou para um dos sobrados do morro, transformado em residência e ateliê. — Aqui as crianças ainda brincam de elástico e jogam futebol na rua, dormimos de janelas abertas e conhecemos todos os vizinhos.</div>
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Ela não é a única a pensar assim. Artistas plásticos já buscam inspiração vivendo no morro há algum tempo. Marcelo Frazão trocou um apartamento em Copacabana por um sobrado de três andares na Ladeira do João Homem há 16 anos.</div>
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— Vim quando esse movimento de chegada de artistas estava começando. Éramos quatro, hoje somos mais de dez — conta Frazão, que está transformando seu ateliê em galeria.</div>
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<strong>Artista: “O morro é como um éden”</strong></div>
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Quem passa em frente às casas geminadas e vê as fachadas coloridas não imagina o quanto são espaçosas as construções de arquitetura tipicamente portuguesa, muitas datadas do século XIX. Algumas têm seis metros de pé-direito. Se até bem pouco tempo atrás o preço acessível era um dos chamarizes, agora os proprietários veem o valor dos imóveis disparar. O artista plástico Renato Sant’Ana conta que já recebeu inúmeras propostas por seu sobrado, com valores dezenas de vezes o que pagou há 20 anos. A venda, no entanto, está fora de cogitação:</div>
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— O morro é como um éden. Do burburinho da Rio Branco, de repente se chega aqui, um local mágico.</div>
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Assim como os demais, Renato só abre seu ateliê com hora marcada. A exceção é quando há eventos no morro, como o Projeto Mauá, do qual é um dos organizadores. O evento é realizado desde 2001, nas proximidades do Dia de Nossa Senhora da Conceição, 8 de dezembro, quando uma procissão percorre as ruas dali. Diversas casas têm uma imagem da santa sobre a entrada.</div>
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Em 2012, a Fundação Roberto Marinho realizou, em setembro e novembro, o evento O Morro e o Mar. O projeto é ancorado pelo Museu de Arte do Rio (MAR), que deve retomá-lo este ano após sua inauguração, em março.</div>
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O Observatório do Valongo, pertencente à UFRJ, também promete ser outro atrativo para moradores e visitantes. Segundo o professor Carlos Rabaça, a ideia é transformar o local num parque temático de astronomia e ciência. Localizado ao lado dos românticos Jardins Suspensos do Valongo — projetados em 1906 por Luiz Rey e recentemente reformados —, o observatório ganhará um mosaico de azulejos em seu muro, que será criado pela arquiteta Laura Taves com os moradores.</div>
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— Conseguimos captar R$ 100 mil da Faperj, mas ainda falta a verba para a aplicação dos azulejos — contou.</div>
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A badalação fica por conta das rodas sambas da Pedra do Sal. O nome remete à pedra de gnaisse escorregadia que leva ao Morro da Conceição e onde escadas foram talhadas pelos escravos. Ali ocorria o descarregamento do sal importado de Portugal durante o Império. Grandes nomes da música, como Pixinguinha, João da Baiana e Heitor dos Prazeres, frequentavam o local, que ganhou status de berço do samba.</div>
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O bar Bodega do Sal já planeja mudanças, diante do sucesso das noitadas com os jovens — são organizadas festas com samba do lado de fora do estabelecimento. O espaço será modificado e passará a receber shows internamente. André Peterson, que toca o negócio com a mãe, promete maior variedade musical para este ano:</div>
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— Pretendemos incluir jazz e MPB. Moramos aqui há 32 anos e desde 1996 temos o bar. Os eventos começaram em 2006 — diz, acrescentando que cerca de 90% dos clientes do bar vêm de outros bairros.</div>
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Um público não tão jovem e um pouco mais sofisticado costuma subir a Ladeira do João Homem para comer os quitutes do Bar Imaculada Conceição e beber a cerveja “glacial”, como promete o gerente Ângelo Acauã. Nas mesas, adesivos imitam placas de rua com nomes de músicos como Jamelão e Silas de Oliveira, e informações sobre eles. Em harmonia com o viés artístico do morro, o local abriga itens de exposição, que estão muitas vezes à venda. Já recebeu, por exemplo, obras de Salvador Dalí.</div>
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Uns gostam da movimentação, outros não. Alunos de fotografia costumam subir o morro e, à vezes, incomodam os moradores, que veem sua privacidade invadida. Por isso, placas alertam os visitantes para alguns cuidados que devem ser tomados — como não fazer fotos sem pedir permissão. Muitos que vivem ali são descendentes de famílias portuguesas, como Ferdinando Rodrigues da Costa, de 75 anos, que nasceu no morro:</div>
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— Meu pai era português. Amo este lugar e não saio daqui por nada. Meu filho, médico, também permaneceu.</div>
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<strong>Palácio Episcopal e forte do Exército estão entre as construções históricas</strong></div>
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As vielas e construções do Morro da Conceição guardam parte importante da História do Rio. O local, ao lado dos morros do Castelo, de Santo Antônio — ambos demolidos — e São Bento, marca a ocupação inicial da cidade, ainda no século XVI. Em 1634, o casal Miguel de Carvalho de Souto e Maria Dantas ergueram uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição no alto do morro, que ganhou seu nome. A construção acabou transformada no Palácio Episcopal, em 1701, como conta o historiador Milton Teixeira.</div>
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<strong>Invasão por corsários</strong></div>
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Em 1711, essa região do Rio foi invadida por corsários franceses, que bombardearam a cidade. Temendo que isso voltasse a acontecer, os portugueses ergueram um forte em cima do morro, de 1713 a 1718. Tombada pelo Iphan, a Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição abriga hoje a 5ª Divisão de Levantamento do Exército.</div>
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— Lá estão 30 metros não demolidos do muro que no passado circundou a cidade — diz o historiador Milton Teixeira, para quem o morro escapa dos clichês. — A maioria dos moradores é descendente de portugueses. A ocupação é majoritariamente branca, e nunca houve tráfico dominando o local. Em parte por causa do forte e do Exército, mas também porque quem vivia ali sempre teve emprego no Porto.</div>
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A revitalização da região já alcança o morro, que teve 16 vias reurbanizadas. Foram feitos serviços de redimensionamento e troca de redes de esgoto, água pluvial, potável, telecomunicações e iluminação, além de pavimentação e calçadas. A Light promete pôr sua fiação numa rede subterrânea.</div>
Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-9666654302667775932012-07-25T14:06:00.000-07:002013-02-05T10:56:54.897-08:00Frio, fome e cansaço. É uma aula de sobrevivência
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvXd2D8vlGze9xy3PDLkMaEaq5KdzNUN-posCC-2dBDiK5F-WyHVM4mvYZg0J8qFgl5FYJEyuOrUfNgsAiSgoy6Uw4kJ4AKKbh-a4YJEHOjs2fEXTDjwXkxCoBAISppc0rKINNPYV9kco/s1600/foto+curso+resgate.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="179" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvXd2D8vlGze9xy3PDLkMaEaq5KdzNUN-posCC-2dBDiK5F-WyHVM4mvYZg0J8qFgl5FYJEyuOrUfNgsAiSgoy6Uw4kJ4AKKbh-a4YJEHOjs2fEXTDjwXkxCoBAISppc0rKINNPYV9kco/s320/foto+curso+resgate.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Turma recebe instrução, em Itaguaí</td></tr>
</tbody></table>
Frio, fome e cansaço. Esses foram apenas alguns dos limites testados pelos alunos que participaram da primeira edição do curso “Resgate em Situações Adversas”, oferecido pela Cruz Vermelha do Rio de Janeiro nos dois fins de semana passados. Um grupo de 30 alunos, com idades entre 17 e 40 anos, partiu para uma área de Mata Atlântica, em Itaguaí, disposto a participar de um verdadeiro teste de sobrevivência e atrás, principalmente, de técnicas para salvar vidas. A próxima edição do curso, aberto também para não voluntários, acontece em setembro. <br />
<br />
Tudo começa em sala de aula, quando os alunos aprendem técnicas de primeiros socorros, como montar abrigos, realizar nós e amarrações, identificar animais peçonhentos e coletar água da chuva, sempre dispondo de poucos recursos. Depois, chega a hora de abrir mão de banho, conforto e das oito horas diárias de sono e partir para a parte prática do curso. <br />
<br />
A maioria dos participantes tende a ser formada por profissionais da área de saúde, como médicos, enfermeiros e professores de educação física, além de militares, mas não é exclusiva a eles. O curso oferecido pela Cruz Vermelha recebeu, por exemplo, um mecânico de embarcações e uma jornalista (esta que vos fala). <br />
<br />
Ao chegar ao local do acampamento, os primeiros desafios foram erguer seu próprio abrigo, usando apenas corda, lona e pedaços de madeira, construir uma latrina e preparar fogueiras. Vítimas fictícias precisavam ser resgatadas a qualquer hora do dia ou da noite, com ferimentos graves e em locais de difícil acesso. Os melhores amigos dos alunos passaram a ser bússolas, lanternas, facões e, principalmente para as mulheres, lencinhos umedecidos. <br />
<br />
Para a técnica em enfermagem, Luana Azevedo Brito, a experiência foi boa e resultou em novos aprendizados. O momento mais difícil, na opinião dela, foi acordar no meio da noite, momentos depois de pegar no sono pela primeira vez no acampamento, para socorrer uma vítima fictícia: <br />
<br />
— Foi diferente do que eu esperava, porque agregou mais conhecimento do que esforço físico. Com esse curso, pretendo me qualificar para deixar de trabalhar em hospitais e passar a atuar em resgate em ambulância. <br />
<br />
— O resultado desta primeira edição foi muito positivo. Os alunos demonstraram muita vontade de aprender e superar seus próprios limites. Todos toparam participar de todas as atividades — comentou o instrutor Emerson de Freitas Pereira. <br />
<br />
No balanço de Douglas de Souza Oliveira, instrutor do curso e coordenador do Departamento de Socorro e Desastres da Cruz Vermelha, a primeira edição se mostrou bastante promissora. Ele já pensa em lançar um módulo avançado para os próximos meses: <br />
<br />
— Uma pessoa costuma levar pelo menos 24 horas para se adaptar a uma situação adversa como aquelas, mas nem deu tempo para isso, porque estávamos nos movimentando todo o tempo. Mesmo assim, o grupo se saiu muito bem. <br />
<br />
O próximo curso acontece nos dias 15 e 16 de setembro (módulo teórico na filial da Cruz Vermelha) e 22 e 23 de setembro (módulo prático na Reserva de Itaguaí). Transporte, alimentação e as acomodações estão inclusas no valor do curso, de R$ 260. O valor pode ser parcelado em duas vezes de R$ 140 ou três vezes de R$ 100. Para se inscrever no curso é preciso entrar em contato com a Cruz Vermelha pelo telefone 2508-9090 ou pelo e-mail informacoes@cruzvermelharj.org.<br />
<br />Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-84565902617850147382012-07-25T13:56:00.000-07:002013-02-05T10:57:07.161-08:00Caça aos tesouros do Palácio Capanema
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKtxOeqitgIMT2AqfGsDA-MM9OFLLqhQlpRO2xjdeqL_fs45qjxM-owR29DSe_5AhKAwngE1SqJF1I2mRGVnjDaAJdfXVdgMQB51fwTMcTVo3NiPPpauqIzkaA1q92-F2-vFB27snb2BA/s1600/jardim+burle+max.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKtxOeqitgIMT2AqfGsDA-MM9OFLLqhQlpRO2xjdeqL_fs45qjxM-owR29DSe_5AhKAwngE1SqJF1I2mRGVnjDaAJdfXVdgMQB51fwTMcTVo3NiPPpauqIzkaA1q92-F2-vFB27snb2BA/s320/jardim+burle+max.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Jardim de Burle Marx: 2º andar do Palácio</td></tr>
</tbody></table>
O valor do Palácio Gustavo Capanema, também conhecido como prédio do MEC, no Centro, vai além das formas modernas de sua arquitetura. A prova está num inventário das obras de arte e do mobiliário ali presentes, que vem sendo realizado antes de uma primeira grande reforma tomar conta do lugar. Entre as principais descobertas desse garimpo está um painel de azulejos de Candido Portinari inédito, como adiantou a coluna Gente Boa, do GLOBO.<br />
<br />
A nova descoberta reúne cerca de 1.400 peças, com 30 padrões nunca antes expostos ao público, que formam um grande peixe e deveriam adornar a fachada da Livraria Mário de Andrade, localizada nos pilotis do palácio. Quem conta é o historiador de arte Raphael João Hallack Fabrino, sócio da Tapuias Patrimônio Cultural, responsável pelo inventário:<br />
<br />
— Existe uma carta de Gustavo Capanema (então ministro da pasta da Educação e Saúde Pública), datada de 16 de maio de 1942, em que ele avalia como não satisfatório o resultado estético da ampliação do desenho nos azulejos. Na carta, ele ainda diz que recomendou a substituição da figura do peixe e a fabricação de novas peças. Hoje o painel tem uma estrela do mar.<br />
<br />
Os azulejos estão armazenados entre outras dez mil peças excedentes de restaurações. Além de oito painéis de azulejo de Portinari — sete no pilotis e um no segundo andar —, o palácio abriga quatro quadros do artista e afrescos no Salão Portinari, que lembram os ciclos econômicos do Brasil.<br />
<br />
A primeira fase do inventário listou 55 obras de arte e 120 peças do mobiliário, presentes ali desde a construção do palácio, entre 1936 e 1945. Há preciosidades como uma mesa de pés elípticos, assinada por Oscar Niemeyer e usada no gabinete do Ministério da Cultura. O arquiteto projetou o prédio, ao lado de Carlos Leão e Affonso Eduardo Reidy, todos liderados pelo suíço Le Corbusier e por Lucio Costa.<br />
<br />
— O interessante ali é que os móveis estão em uso, numa realidade bem diferente de um museu. Durante as pesquisas, tinha gente que dizia: "Essa mesa é velha, pode tirar daqui". Mas então respondíamos que ela havia sido projetada por Niemeyer. O olhar sobre a peça mudava na hora. O inventário é um primeiro passo para aferir o valor desses objetos que deverão passar a receber um tratamento especial — conta Fabrino.<br />
<br />
O documento registra ainda a presença de um tapete, que Niemeyer reconheceu em 1984 ter sido desenhado por ele, além de sofás em aço tubular no segundo andar, cuja suspeita é de que tenham sido criados por Lucio Costa. Outra obra de Portinari, o mural "Jogos Infantis", tem manchas causadas por fungos. Sinal dos problemas do prédio, com infiltrações e pisos quebrados.<br />
<br />
Até esses danos trazem à tona um pouco da história da construção. As infiltrações ocorrem principalmente abaixo dos jardins projetados por Burle Marx, que não estão presentes apenas nos pilotis, mas também num espaço aberto no segundo andar e na cobertura do prédio. Já a ferrugem foi causada por anos de exposição à maresia e faz lembrar que, antes do Aterro do Flamengo surgir na paisagem, o mar chegava ali pertinho, na altura da Rua Santa Luzia.<br />
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A construção de um edifício aberto, sem grades de segurança em seu entorno, revolucionou a arquitetura principalmente no exterior, como conta o arquiteto do Iphan e especialista no Palácio Gustavo Capanema, Luciano Pereira:<br />
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— O Capanema representou, na época, uma ruptura com o conceito acadêmico de edificação que ganhou grande notoriedade no exterior. Surgia um espaço aberto, um verdadeiro convite à passagem de pessoas.<br />
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A reforma deve solucionar problemas estruturais do prédio. A ideia é também reduzir o número de escritórios instalados no local para que o espaço ofereça mais serviços à população.<br />
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— Recebemos muitos visitantes estrangeiros atraídos pela arquitetura do Capanema. Um levantamento sobre os possíveis usos dos espaços deve estar pronto em breve — afirma a superintendente do Iphan no Rio, Cristina Lodi.<br />
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Entre as possibilidades, está a instalação de um restaurante na cobertura do palácio, com vista para a Baía de Guanabara.Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-53636744028851724572012-06-16T19:28:00.001-07:002013-02-05T10:57:37.280-08:00Festas tão estranhas quanto boas
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2TqJyhSMEYPaVTbhU_v1TlhEIB1PCjQL4Odn5O50J6hpuRZuUloQNePYll-fobdBthcwrlX5bAISg4_vRz_sspQquQYGwp9RM66C_RNe5wkn4od_4l5a-S6kWa5p2MmVH9CaX3nG4XnE/s1600/IMG_1845.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2TqJyhSMEYPaVTbhU_v1TlhEIB1PCjQL4Odn5O50J6hpuRZuUloQNePYll-fobdBthcwrlX5bAISg4_vRz_sspQquQYGwp9RM66C_RNe5wkn4od_4l5a-S6kWa5p2MmVH9CaX3nG4XnE/s320/IMG_1845.JPG" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ônibus transporta festa de 15 anos</td></tr>
</tbody></table>
Nem só de boates e casas de festa vive a noite carioca. Parte do agito passa bem longe desses redutos tradicionais e, justamente pelo inusitado, vem fazendo sucesso com públicos diversos. Tem muita gente, por exemplo, enxergando num ônibus muito mais do que um meio de transporte e numa balsa que circula pela Lagoa de Marapendi não só uma forma de chegar à Praia da Barra. Os hostels da cidade também se tornaram ponto de encontro dos jovens mais antenados e avessos aos “inferninhos”. <br />
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Quem embarca na Bus Party não se arrepende, garante o idealizador do negócio, Maurício Somlo, de 23 anos. Ao ver um ônibus em festa pelas ruas de Las Vegas, nos Estados Unidos, Maurício teve a ideia de lançar algo semelhante no Brasil. <br />
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— Comecei a operar em 2010, em São Paulo, onde já tenho dois ônibus disponíveis para festas. Em novembro passado cheguei ao Rio, oferecendo um veículo. Faço desde festas de adolescentes a eventos empresariais. Há ainda quem queira o serviço para levar a turma a algum evento, garantindo o clima festivo já no trajeto — contou Maurício.<br />
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O ônibus embala até 40 pessoas, ao preço de R$ 750 por duas horas, de segunda a sexta-feira, e de R$ 950 por três horas, nos fins de semana. O serviço inclui água e refrigerantes. A 15km/h, a festa ambulante não costuma passar despercebida. Quando a viu passando pelo Leme, o comerciante Augusto Ferreira teve certeza de que ali seria o aniversário do seu filho, João Pedro:<br />
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— Marcamos um ponto de encontro para os amigos embarcarem no ônibus e depois passamos em frente ao colégio deles. Por ser diferente, todos ficaram cheios de expectativas em relação à comemoração.<br />
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Com Rebecca Braga, que comemorou seu 13 verão a bordo da Bus Party, não foi diferente.<br />
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— Estudo no Colégio Cruzeiro e, lá, ninguém nunca tinha ouvido falar sobre esse ônibus. Carros até diminuíam de velocidade para tentar ver o que estava acontecendo ali dentro. Não dá nem para sentir que o ônibus está andando, a não ser porque a paisagem vai mudando — contou a adolescente. <br />
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Outra novidade circula pelas águas da Lagoa de Marapendi: o Ecolounge. Uma balsa como as que fazem travessias entre condomínios e a Praia da Barra e da Reserva foi decorada para abrigar, exclusivamente, festas. A embarcação comporta entre 40 e 60 pessoas, e o pacote, com água, refrigerantes e comida incluídos, custa a partir de R$ 3.500. A festa dura quatro horas e conta com barco de apoio para buscar convidados em terra.<br />
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Sócia em duas casas de festa, Valéria Peixoto lançou a novidade há dois meses com a irmã e um amigo, que já operava uma balsa de travessia. <br />
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— Clientes perguntavam se não havia um lugar para fazer uma festa com um número menor de convidados e mais privacidade — contou Valéria.<br />
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Já se a ideia é pagar ingresso e entrar numa festa aberta ao público, os hostels têm sido uma opção. Para conseguir um espaço no quintal da Casa Alto Lapa Santa, em Santa Teresa, é preciso chegar cedo. Depois de superlotar o local por algumas vezes, o dono Marcos Itamar decidiu limitar o público em 200 pessoas. A casa conta com dois apartamentos com espaço para oito hóspedes cada um. <br />
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— Comecei a fazer a festa porque sou fumante e sentia falta de um lugar aberto. Deu certo. A ideia é ser alternativo, com som sempre instrumental — contou Marcos.<br />
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O ingresso custa a partir de R$ 25. Juliana Almeida, designer, de 30 anos, não costuma perder as festas por lá. Quando se cansa de dançar, se encosta na mureta e admira a vista da Lapa, com a Catedral ao fundo:<br />
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— O clima de boate cansa. Aqui o clima é outro. As pessoas batem papo e o som é sempre bom.<br />
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O Copa Hostel, em plena Avenida Nossa Senhora de Copacabana, já deixa claro em seu site que o lugar é agitado. Às quartas-feiras, a noite é de danças latinas, com direito a aulas com professor e cerveja liberada das 22h à meia-noite. O ingresso custa R$ 20 para homens e R$ 12, mulheres.<br />
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— Costumam vir muitos turistas e estudantes de intercâmbio — contou Luiz Geraldo Santos, gerente-geral do albergue.Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-69976355274659442912011-03-15T07:15:00.000-07:002013-02-05T10:58:01.453-08:00Um espião com pinta de caça-fantasmas<div class="separator" style="clear: both; text-align: right;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZljyTU7m1xqfIS6tUwpBlGBvenXEMSWuwohtqsHK94KeerM3wFk11tH09OkayLqCdrlKpU_ZCFRbGYypdkv_COpzvvQrSYUlL5OA9Nu2O49wJA5CmOpdI9tQK9tNHct4rD9KNUYAp170/s1600/mochila-espi%25C3%25A3.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZljyTU7m1xqfIS6tUwpBlGBvenXEMSWuwohtqsHK94KeerM3wFk11tH09OkayLqCdrlKpU_ZCFRbGYypdkv_COpzvvQrSYUlL5OA9Nu2O49wJA5CmOpdI9tQK9tNHct4rD9KNUYAp170/s320/mochila-espi%25C3%25A3.JPG" width="320" /></a></div>
Ele nunca tinha estado em um bloco, mas já na estreia se tornou uma das atrações do carnaval de rua 2011. É só Charles Boggiss, de 32 anos, vestir seu macacão branco e a mochila com uma câmera 360º acoplada para chamar a atenção por onde passa. A mochila-espiã e o carro-espião, que flagram irregularidades e enviam as imagens para o Centro de Controle da prefeitura do Rio, é uma das novidades da folia deste ano que gerou polêmica.<br />
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Enquanto Boggiss caminha registrando tudo ao seu redor, há comentários de todo tipo: “parece até o caça-fantasmas”, “você está ficando famoso”, “olha aquele cara que filma os mijões”. Na apresentação do bloco Mulheres de Chico, no Leblon, uma foliã foi mais longe e tentou atirar água na câmera de Boggiss com uma arma de brinquedo.<br />
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— Foi só uma brincadeira, mas ele é um baita dedo-duro. Tira um pouco a privacidade de quem brinca no bloco — reclamou Bruna Martins, estudante de 22 anos.<br />
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Apesar de algumas reclamações, Boggiss garante que a maioria dos foliões entende a função da mochila-espiã e do carro-espião.<br />
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— Tem gente que acha que estou enviando imagens para as redes de televisão. Quando me abordam, eu explico que as gravações são usadas pelo Centro de Controle da prefeitura para planejar melhorias para o próximo carnaval. Em geral, as pessoas entendem e apoiam o trabalho — explica.<br />
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Num primeiro momento, ele admite que imaginou alguma resistência da parte dos foliões quanto a sua presença no meio da festa, mas diz que a receptividade foi melhor do que a esperada. O maior flagrante que ele fez neste carnaval mostrou um homem urinando no carro-espião, conforme exibiu o “Fantástico“ da semana passada. O folião foi detido. O serviço, no entanto, acabou ultrapassando a função de vigiar: <br />
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— Em Santa Teresa, a filmagem que é enviada diretamente para o Centro de Controle da Prefeitura, viabilizou a rápida chegada dos Bombeiros ao local do acidente, em que um folião caiu de cima de um muro de cinco metros — conta, orgulhoso. <br />
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Boggiss vem reagindo bem à fama repentina, até porque ele chegou a conquistar algum reconhecimento em outra área de atuação. Durante quatro anos, o atual espião da prefeitura morou no Hawaí competindo no windsurf. Após voltar para o Brasil, começou a desenvolver a tecnologia usada pela prefeitura com uma amigo dos tempos do esporte. <br />
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A parceria com a prefeitura e a repercussão que o uso do equipamento ganhou estão servindo como uma vitrine para o novo produto. E Boggiss se tornou quase um garoto propaganda do item. Isso por acaso, porque a princípio outra pessoa carregaria a mochila-espiã em meio ao carnaval. Já no primeiro bloco de rua, o prestador de serviço furou e Boggiss acabou assumindo a função.<br />
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— O ideal mesmo seria eu cumprir essa função, afinal desenvolvi o equipamento e sei usá-lo — diz.<br />
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A mochila pesa cerca de cinco quilos e carrega um computador, uma bateria e um inversor que transforma 12 volts em 110 volts, além da câmera, que permanece sobre a cabeça de Boggis. Com o término do carnaval, a intenção da empresa que detém a tecnologia é que o produto seja usada em outros eventos e para vídeos institucionais de empresas.Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-62819390604892730602011-02-18T06:36:00.000-08:002011-02-18T06:36:43.264-08:00Em busca de uma segunda chanceMárcio Diniz da Silva passou por três presídios, incluindo Bangu II, antes de ocupar uma das celas da Penitenciária Vieira Ferreira Neto, no Fonseca. Uma década de seus 32 anos de vida foi passada atrás das grades devido a condenações por tráfico de drogas. Ele conta que, dentro da prisão, chegou a receber instrução para dominar uma grande comunidade da Zona Oeste. Apesar de todo o histórico de crimes, agentes de segurança entregam a ele, diariamente, tesouras e estiletes para seu trabalho de confecção de bolsas, exercido dentro da carceragem. É como se uma primeira porta fosse aberta.<br />
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— Abracei essa oportunidade com toda a força, porque é a chance que tenho de aprender uma profissão. Sempre fui muito bom na rua, e aqui também dou o meu melhor — diz Silva, diante da máquina de costura. — É uma ilusão pensar que se enriquece com o crime.<br />
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Ele é um dos detentos que trabalham no projeto da ONG Tem Quem Queira, que recebe doações de peças publicitárias em vinil, como banners, e as transforma em bolsas diversas, com uso da mão de obra dos presidiários. Os itens confeccionados são comprados pelas próprias empresas que doam materiais. No caso da CEG, uma das parceiras do projeto, os produtos finais servem de brindes para clientes. Os detentos são remunerados e recebem o benefício da remissão da pena (para cada três dias trabalhados, a pena é reduzida em um dia).<br />
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— Apesar de a maioria dos detentos nunca ter trabalhado com máquina de costura, o acabamento é primoroso. Este mês, abriremos uma oficina extramuro para presos em liberdade condicional e uma loja para venda — conta Marco Luna, um dos idealizadores da ONG. <br />
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Essa não é a única atividade laborativa do presídio. Dos cerca de 200 presos, 80 trabalham internamente. Número elevado diante de um índice de 8% a 10% de presos envolvidos em atividades nos presídios do estado. Jaime Melo, presidente da Fundação Santa Cabrini, que coordena as atividades realizadas, reconhece que ainda há muito o que fazer:<br />
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— No Fonseca, temos um galpão disponível para o trabalho, o que ajuda. Além de serviços de limpeza, vagas surgem em padaria e mecânica. Uma gráfica, uma confecção e uma marcenaria estão quase prontas.<br />
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Jaredes dos Santos, de 66 anos, trabalhou como motorista de caminhão e de ônibus, até ir preso. Nunca tinha mexido numa máquina de costura e, hoje, conta que já enviou bolsas feitas por ele até para as netas e a esposa. Santos trabalha das 9h às 16h, de segunda a sexta-feira. Leocádio de Souza Filho, que já passou pela confecção e hoje corta os moldes para as peças, também não tinha experiência. Preso por homicídio e tráfico de drogas, ele diz que pretende abrir uma pequena confecção quando deixar a penitenciária, usando o dinheiro que juntou em anos de trabalho intramuros. Desde 1984, ele só passou três anos fora da cadeia.Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-4717374418476254852011-01-10T03:21:00.000-08:002011-01-10T03:21:09.368-08:00O verão pede passagemOntem foi o dia de tirar o chapéu do armário, se empapuçar de protetor solar e carregar a garrafinha d'água junto ao corpo. No primeiro domingo de sol do ano, o calor não deu trégua. O Climatempo registrou máxima de 38,4ºC. na Saúde, a temperatura mais alta do verão, que começou no último dia 21. O calorão foi como um convite a cariocas e turistas para as praias. Quem decidiu curtir o fim de semana na orla, no entanto, teve que abrir mão do conforto, porque não havia espaço livre nem na areia, nem dentro d'água. Desde 19 de dezembro, o Rio não vivia um domingo ensolarado. <br />
<br />
No entanto, segundo o Climatempo, o céu azul já está com as horas contadas. Ontem, um sistema de alta pressão sobre o oceano manteve o céu limpo no Rio. Nessas condições, o ar tende a descer, retendo a umidade próxima à superfície. A partir de hoje, no entanto, as previsões apontam para a formação de um sistema de alta pressão, que atua de modo inverso. Com isso, aumentam a nebulosidade e as chances de chuva, principalmente no fim da tarde e à noite. A aproximação de uma frente fria, que está na costa do Rio Grande do Sul, derruba a temperatura para 30ºC., a partir de amanhã.<br />
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Na Barraca do Uruguai, no Posto 9 de Ipanema, a previsão não preocupava. A palavra de ordem por lá era atender aos banhistas. As garrafas d'água foram o produto mais vendido ontem , seguido da cerveja. <br />
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— Como agora temos número de barracas e cadeiras limitado para oferecer, não estamos dando vazão à demanda — disse o uruguaio Milton Gonzalez, há 30 anos naquele ponto da praia. <br />
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Estudantes de Farmácia em São Paulo, Carolina Brandão da Costa, de 25 anos, e Mariana Trojuello, de 22, aproveitaram o último dia de suas férias no Rio no Arpoador. Hospedadas em um hotel no Recreio, escolheram o local pela beleza natural.<br />
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— A vista da Pedra do Arpoador é única. Não podia ir embora sem passar por aqui — disse Carolina.<br />
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O barraqueiro Jeziel Cruz, conhecido como Bangu, comemorava o movimento, mas não deixou de reclamar sobre a falta de iluminação nos refletores do Arpoador. Segundo ele, que é presidente da Associação de Barraqueiros de Praia (Acoplas), o problema vem prejudicando a frequência do local à noite.<br />
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— O Choque de Ordem virou “Choque de Pode”. Nos fins de semana o calçadão vive cheio de ambulantes, que cobram mais barato do que a gente por não pagarem as taxas da prefeitura — reclamou Cruz.Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-20315313714360941342010-12-02T02:54:00.000-08:002010-12-02T02:54:38.307-08:00A primeira vez a gente nunca esquece<div class="ii gt" id=":1oj"><div id=":1oi"> <div class="MsoNormal"></div><div class="MsoNormal">A semana do dia 22 começou quente para a editoria Rio - literalmente. Bandidos, chamados de terroristas pelas autoridades, passaram a incendiar carros pela cidade como retaliação às políticas de segurança pública de pacificação de favelas. Até a cabeça do governador foi posta a prêmio pela marginalidade. Em meio a tudo isso, Sérgio Cabral ressaltou que os "bunkers" do tráfico estavam se tornando mais escassos. Eu estava lá, positiva e operante, no momento da declaração de Cabral.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Em dois meses emprestada na Rio (sou repórter dos Jornais de Bairros de O Globo), muitas foram as oportunidades de estar cara a cara com o governador. Por entrar na parte da manhã, às 9h, não raro era escalada para cobrir a agenda de Cabral e do prefeito Eduardo Paes. O que eu não sabia é que essas aparições ganhariam importância ao longo de minha estada na editoria, afinal o Rio começava a viver uma crise na segurança. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Veja bem, crise na segurança, porque na editoria Rio esse se transformaria num momento histórico, com o anúncio da antecipação da tomada do tão temido Complexo do Alemão. Por sorte, isso veio a acontecer exatamente nesse período de dois meses emprestada. Para a editoria Rio, o momento equivalia a uma Copa do Mundo para o Esporte ou às eleições para a Nacional. Corre-corre, cadernos especiais e envolvimento total da equipe na cobertura ao vivo em tempos de integração com o online. Aprendizados não faltaram, mas uma experiência corriqueira para muitos repórteres da editoria me marcou.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Foi nessa semana agitada - como não podia deixar de ser - que vivi uma experiência inédita: me deparei com meu primeiro "presunto". O morto estava ali, a menos de um metro de distância, enquanto eu tentava arrancar alguma informação do tio dele. Àquela altura, a tendência era a de acreditar que o crime consistia em mais uma ação ousada de traficantes querendo mostrar poder. Pensou-se até num atentado ao Detran, de onde o rapaz saíra momentos antes de morrer. Por fim, não era nada disso. Os disparos era direcionados.<br />
<br />
O jovem, de 18 anos recém-feitos, tinha sido atingido por nada menos do que seis tiros. A perícia virou o corpo para um lado, virou para o outro, e me vi tentando confirmar o número de perfurações. De onde veio tanta frieza? Não sei. Certo é que, há dois meses, nem imaginava o que estaria reservado para essa minha temporada na editoria Rio. O frio na barriga de sair do ponto de conforto valeu a pena. Volto para os Jornais de Bairro com o sentimento de dever cumprido e um gostinho de quero mais.</div></div></div>Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-43503323061847153272010-11-24T10:43:00.000-08:002010-11-24T10:43:45.854-08:00De perto com a morte - por motivo fútilOntem, tiros voltaram a assustar moradores de Madureira, na altura da Serrinha, mas desta vez os disparos nada tiveram a ver com a disputa travada entre traficantes pelos pontos de venda de drogas na comunidade. O alvo de cerca de 15 disparos era Christian dos Santos Silva, de 18 anos, que estava no posto do Detran, localizado na Rua Edgar Romero, para renovar sua carteira de identidade que havia vencido. Pelo menos seis tiros acertaram o jovem, que morreu na hora. O crime foi executado por um homem que fugiu por um dos acessos à Serrinha, na Zona Norte do Rio. Outras duas pessoas ficaram feridas.<br />
<br />
Christian dos Santos Silva foi morto quando deixava o Detran, por volta do meio-dia. A Delegacia de Homicídios (DH) está utilizando imagens gravadas por câmeras de segurança instaladas na fachada da Caixa Beneficente da Polícia Militar do Rio de Janeiro, estabeleciento vizinho ao Detran, para identificar o autor dos disparos. <br />
<br />
Duas pessoas que estavam próximas ao local foram baleadas na perna. Renan da Silva Bruno, de 11 anos, foi levado para a a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Irajá e depois transferido para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Já Anderson Iago de Carvalho, de 18 anos, foi atendido no Hospital Carlos Chagas. <br />
<br />
De acordo com a delegada adjunta da DH, Tatiana Queiroz, uma das possibilidades investigadas é que o crime tenha causa passional. O jovem morto era pai de um bebê de sete meses, de cuja mãe já estava separado há seis meses.Christian dos Santos Silva estava casado com outra mulher, morando em Inhaúma. Sua família mora em Vaz Lobo, bairro vizinho à Madureira. Há suspeitas de que ele tivesse relação com <br />
outra mulher, da Serrinha. <br />
<br />
O posto do Detran foi fechado logo após o ocorrido. Funcionários estavam bastante assustados, e a sala de atendimento principal ficou com marcas de sangue, já que as duas vítimas baleadas na perna correram para dentro do posto para se proteger, assim como outros pedestres que passavam pelo local. <br />
<br />
— A criança de 11 anos correu para uma sala lá no fundo do corredor e ficou escondida. Demorou um tempo até notarmos que ela havia sido baleada. Todos ficamos muito assustados, ainda mais depois do que vem ocorrendo aqui na Serrinha — disse um funcionário do Detran.<br />
<br />
O corpo de Christian dos Santos Silva foi periciado e retirado do local por volta das 15h. A mãe do jovem, Elisabeth dos Santos Silva, esteve no local e não quis falar com a imprensa. Alexandre Silva, o primeiro parente a chegar na cena do crime, contou que o sobrinho estava morando em Inhaúma e que trabalhava como entregador. Ele não soube dizer o que poderia ter motivado o crime. A avó do jovem morto estava <br />
muito abalada:<br />
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— Eu ensinei tudo a ele. Minha consciência está tranquila. Nunca imaginei que iria passar por isso — disse, sem se identificar.Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-61157804911619511372010-10-02T19:18:00.000-07:002010-10-02T19:18:35.488-07:00A vida a um goleEntrou em casa como quem entra no bar. Mesmo se tentasse disfarçar o barulho dos passos, Nadir notaria a chegada do marido pelo olfato. Aquele cheiro amadeirado era inconfundível e ao mesmo tempo intragável. Não é possível, pensou com tanta força que as palavras espirraram de sua boca e esbofetearam Valter.<br />
<br />
– Assim não há quem aguente. Ontem mesmo estava aí prometendo não beber mais. E olhe agora como está. Bê-ba-do. É sempre assim, e, o pior, na frente dos meus filhos.<br />
<br />
– É isso mesmo. MEUS filhos. <br />
<br />
– Sinceramente, mais para baixo eu não tenho como te empurrar. Você chegou ao fundo do poço. Devia era tomar vergonha na cara.<br />
<br />
Valter bateu com força a porta do quarto, em vez de dar uns tabefes na esposa. Não o fez porque sua mão não a machucaria nada se comparado com o efeito daquelas palavras. Sentou na cama estreita, forrada com lençol puído. Há anos não dividia as noites, que fossem de sono, ao lado da mulher. Dormia pequeno, encolhido, naquele quarto vazio. Ao lado da cama, o criado mudo ancorava três garrafas de uísque 12 anos metade vazias. Nada mais. Tratou de consumir mais uma metade para esquentar a alma ferida pelos uivos da esposa.<br />
<br />
Demoraria a dormir. Afinal, o coração batia forte no peito e a angústia lhe comia o estômago vazio. Faltava-lhe amor próprio, vontade de mudar. Mais fácil fechar os olhos e sentir o sabor do uísque tilintando as papilas gustativas já habituadas àquela mistura a 40% de álcool. Após uma noite de sono, lhe restaria a língua grudada no céu da boca, feito papel de bala.<br />
<br />
Mas ainda era dia. O sol brilhava forte do lado de fora, a ponto de esbranquiçar a vista de um céu azul como há tempos não se via. Foi num dia como aquele que experimentara sua primeira dose etílica. Na adega do pai, percebeu que o barril de carvalho pingava. Deveria estar com a rosca frouxa... Não resistiu e colocou a boca debaixo da torneirinha. A gota da pinga que o pai tanto curtia lhe estremeceu a espinha. Intenso, mas gostoso. Acabou voltando outras vezes, na esperança de que a torneirinha estivesse mal enroscada – e, muitas vezes, estava –, para experimentar a tontura bater e a garganta arranhar. Lembrando do passado, fechou os olhos e adormeceu.<br />
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À noite, seguiu-se o dia, como não poderia deixar de ser. Assim como não poderia deixar de ser sua rotina: bebeu a festa, bebeu o dia, bebeu a noite, bebeu a vontade de viver. Mas um dia despertou, abriu os olhos para o que não queria ver. Foi até o espelho e encontrou um homem velho.<br />
<br />
– Eu destruí o carro do vizinho na tentativa de estacionar o meu?<br />
<br />
– Eu cantei as amigas de meu filho aqui dentro de casa?<br />
<br />
– Eu fiquei uma semana num motel sem ter dinheiro para pagar?<br />
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No desespero, olhou para a garrafa e se viu preso dentro dela. A imagem refletida dizia não. E foi então que ele saiu do quarto. Estava lá há quantas horas? Quantos dias? Seriam anos? Não lembrava. Ele havia bebido o tempo e tinha recordações turvas. Passou direto pela sala, sem dizer nada para mulher e filhos. Nunca mais voltou.Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-56733366839602457032010-07-11T17:02:00.000-07:002010-07-11T17:04:23.301-07:00Ele é o barão da gastronomiaUm restaurante que revogou o menu; derrubou as paredes da cozinha; e apostou numa decoração que chega a ser simples de tão requintada (ou seria o oposto?). Surpreendente em todos os sentidos. Só assim para descrever o restaurante petropolitano que tem em suas peculiaridades o grande diferencial: o Barão Gastronomia é ímpar. Mesmo numa cidade que esbanja opções gastronômicas, o Barão tem um charme que é só dele.<br />
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E regras idem. Nem adianta bater à porta do restaurante para jantar. O chef só atende com hora marcada. Uma vez à mesa, o cliente pode até sugerir preferência por algum sabor específico, mas o prato final sairá única e exclusivamente da cabeça do Barão.<br />
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E se um dos acompanhamentos for rejeitado? Com seu jeito boa-praça, sorriso no rosto que só desaparece quando o chef está compenetrado diante da panela, ele convencerá o visitante a experimentar a primeira garfada a que, invariavelmente, segue-se outra e mais outra... O valor a ser pago é determinado pelo número de pratos, todos elaborados na frente do cliente, numa cozinha totalmente aberta para o salão.<br />
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Alessandro Soares Vieira é conhecido como Barão desde a maternidade, quando chegou ao mundo já surpreendendo. Sua mãe estava grávida de gêmeos, não sabia e levou sete dias para se decidir pelos nomes do menino e da menina. Impaciente, o pai resolveu chamá-los de barão e baronesa, temporariamente. Nele, o apelido pegou, enquanto a irmã, criadora dos móveis do restaurante (todos à venda), ficou conhecida por seu nome mesmo, Alessandra. Foi em família que descobriu sua vocação para a cozinha.<br />
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— Minha vó, diante do fogão a lenha, já me chamava a atenção. Achava aquilo bonito. Eu me lembro dela guardando a carne em latas de banha, quando ainda não havia geladeira. Nos Natais em família, comecei a ajudar minha mãe com aqueles banquetes típicos da época — conta. <br />
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Obstáculos não faltaram. O pai, caminhoneiro, não gostava nada da ideia de o filho virar cozinheiro. Sem dinheiro, Barão não tinha como investir em cursos:<br />
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— Foi quando tracei uma meta: decidi que trabalharia com os melhores chefs, e essa seria a minha escola. <br />
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Deu certo. Passou pelas cozinhas de Danio Braga e Claude Troisgros, “com quem só não aprende quem não quer”. No Locanda della Mimosa, começou lavando pratos. Aos poucos, foi conquistando o seu espaço. Hoje, o restaurante Barão Gastronomia serve pratos com ingredientes regionais, temperados com um toque francês, e é marcado ainda pela presença de carnes exóticas como javali, jacaré, rã, escargot e outras tantas. A novidade que vem por aí é o cervo, como ele mesmo adianta.<br />
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— Tudo devidamente autorizado pelo Ibama, claro — avisa. <br />
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O restaurante se mudou recentemente para a nobre União e Indústria, em Itaipava. A antiga casa ocupada, em Areal, se transformará numa escola de gastronomia, com aulas gratuitas para a região. Foi no bairro de Petrópolis que o Barão nasceu e onde mora até hoje.Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-15342684093217622352010-03-11T12:54:00.000-08:002013-02-05T10:59:52.234-08:00Pura adrenalina<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiw6lf_x2szygi-8ra2OxJObQyhyKNoKx4sM1oJI5elspsbpEGyF78DTJPlJs2SbWLOJy-oYi_9Ub1f4Vepz6qL51xkNwgqByUV2mzLVQdWdecu0LcaVzfGFvaCbB2GGriSdJsVwT38JMA/s1600-h/Rapel2.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="209" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiw6lf_x2szygi-8ra2OxJObQyhyKNoKx4sM1oJI5elspsbpEGyF78DTJPlJs2SbWLOJy-oYi_9Ub1f4Vepz6qL51xkNwgqByUV2mzLVQdWdecu0LcaVzfGFvaCbB2GGriSdJsVwT38JMA/s320/Rapel2.jpg" width="320" /></a></div>
Frequentei, durante minha adolescência, o Parque da Catacumba, na Lagoa. Costumava aproveitar as tardes, depois do colégio, para subir até o mirante. Depois disso, nunca mais voltei por lá. O parque é lindo, conta com esculturas de artistas como Franz Weissmann e Sérgio Camargo, mas não costuma ser muito frequentado. Talvez por ficar num lugar com cara de passagem - na Avenida Epitácio Pessoa, 3000, bem em frente a um posto de gasolina. O parque, no entanto, tem chance de entrar para o roteiro de muitas famílias e de aventureiros.<br />
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Ele acaba de ganhar um complexo de turismo de aventura desenvolvido no modelo da experiência do Parque Nacional Foz do Iguaçu. Não oferece nada tão eletrizante como as cataratas, mas caminhar a nove metros do chão, sobre um arame ou toras de madeira móveis, testando o equilíbrio ao longo de cem metros de percurso não é nada tranquilo. Confere só o meu drama encarando o desafio, que num primeiro momento até me pareceu fácil (<a href="http://oglobo.globo.com/rio/bairros/posts/2010/03/04/pura-adrenalina-271438.asp">veja o vídeo</a>).<br />
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Andam criticando por aí a interferência das atrações na natureza, mas acho besteira. Os brinquedos são feitos de madeira propositadamente, para se camuflarem no meio do mato. Tem tirolesa (R$ 10), muro de escalada (R$ 15), arvorismo adulto (R$ 30) e infantil (R$ 20) e rapel (R$ 40). Pagando R$ 75, o viositante tem direito a experimentar todas as atividades, sob concessão da <a href="http://www.lagoaaventuras.com.br/">Lagoa Aventuras</a>.<br />
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Vale a pena ir lá conferir.Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-10022708531342597842010-02-01T16:48:00.001-08:002010-02-04T17:02:32.294-08:00Caminho das pedras do DetranSair de casa, do trabalho, do curso, da praia, seja lá de onde for com a chave do carro na mão, chegar ao lugar onde estacionou e... cadê meu carro? Não há nada pior, certo? Errado, o pior ainda está por vir.<br />
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Se você já teve o carro rebocado, deve estar entendendo onde eu quero chegar. Então, eis o caminho das pedras para quem precisa recuperar o próprio automóvel. E cuidado, vai ter gente fazendo de tudo para atrapalhar sua missão.<br />
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1. Vá ao Detran na Avenida Presidente Vargas, 817, Centro. No térreo haverá várias portinhas, cada uma cumpre uma finalidade. Procure a que guarda vários caixas eletrônicos.<br />
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2. Lá, tire a guia de tudo que você deve no carro (multas não pagas, IPVA atrasado etc). Você deverá estar com o Renavam do veículo em mãos.<br />
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3. Olhando para o Detran, vá para o última porta à direita. Um atendente suuuuupersolícito praticamente jogará um papel em cima de você quando explicar seu problema. É importante que você se esforce para pegá-lo. Ele será útil.<br />
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3. Lá estarão descritos todos os documentos dos quais você precisará de cópias. Faça no mínimo três de cada, senão quatro. Você não irá se arrepender. <br />
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4. Atravesse a Presidente Vargas e, do outro lado, entre na Rua dos Andradas. No segundo quarteirão, você encontrará no lado direito da rua uma entrada grande de um prédio comercial. É a única. Pode entrar.<br />
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5. Suba um lance de escada e procure a porta da CET-Rio. Lá, pegue a guia de pagamento das diárias no estacionamento da companhia de tráfego. Melhor sentar na cadeira: a vaga no depósito te custará R$ 45 por dia. Então é melhor resolver tudo bem rapidamente. Se você foi rebocado na sexta-feira, um abraço. <br />
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6. Há uma loja de xerox pertinho da CET-Rio. Vá nessa que é mais barata do que a do lado do Detran.<br />
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7. Vá ao banco e pague tudo o que deve. Dói no bolso, mas é necessário. <br />
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8. A partir de agora, só o proprietário do veículo poderá seguir adiante. Volte ao Detran, mostre tudo pago e pegue um documento de nada consta. <br />
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9. Volte à CET-Rio e pegue um último documento. É... é uma prova para você ver até onde você vai pelo seu carro. Mas tá no fim...<br />
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10. Lá você vai saber onde está o seu carro e receberá a guia de recolhimento. Tem que pagar para tirar o carro. Vá para o banco e pague, sem pestanejar. Você está prestes a dar o último passo.<br />
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11. Se dirija ao depósito indicado na CET-Rio, mostre todos os documentos e, enfim, você terá seu carro de volta. <br />
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Não é à toa que dizem: um carro te dá duas felicidades. Uma quando você o compra e outra quando você o vende.Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-31563304229719727152009-09-29T08:09:00.000-07:002009-10-06T12:04:27.032-07:00Dá licença que eu quero passar"Infelizmente, é a necessidade. Ninguém tá aqui por opção". Essa fala pode ser imaginada na boca de alguém em situação de subemprego ou numa fila quilométrica. Quem sabe pedindo esmolas na rua. Nada disso! Ouvi a constatação resignada numa sexta-feira, às 18h30, no <a href="http://www.metrorio.com.br/">Metrô Rio</a> sentido Zona Norte. <br />
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Maria de Lourdes havia entrado no 4º carro na estação Carioca, depois de 6 horas de trabalho em uma central de telemarketing. Acostumada a ouvir um sem número de reclamações, xingamentos e todo tipo de grosseria ao longo do expediente, para ela a viagem de volta para casa é, sem dúvida, a pior parte do dia.<br />
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O tema prosseguiu entre a Uruguaiana e a Central - apenas duas estações de distância uma da outra, mas o suficiente para se perguntar que mal fizemos a deus. "Eu já aprendi. Para entrar sempre fecho o paletó, porque já quase o perdi uma vez. Imagina o prejú".<br />
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Dessa vez, quem contribuía para o diálogo era Wellington, bem mais novo, funcionário de uma empresa de informática. Seu medo não é o de ser roubado, mas de que a vestimenta seja carregada pela manada de pessoas ansiosas por entrar no vagão. "Também não quero ficar preso na porta", e riu. <br />
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A essa altura, um amontoado de gente, sem possibilidade sequer de mover um braço, ou uma perna, acompanhava a conversa e ria junto. Eu inclusive. Curioso como as ondas humanas que entram a cada parada do Metrô empurram quem é que esteja na frente rindo da situação. Quem é comprimido do lado de dentro acaba rindo também, provavelmente de nervoso, com exceção de um ou outro que pede calma - aos berros.<br />
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"Já tá chegando a Central. Aqui todo mundo desce. Por falar nisso, será que a gente consegue chegar na porta?", se mostrava preocupada Maria de Lourdes, já com os seus 50 anos. Wellington não tem dúvida. "Claro. É aí que começa o 'dá licença'. Depois é só empurrar".<br />
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Maria de Lourdes parecia não se adequar tanto ao método, mas o acompanhou. De fato, a partir dali, o Metrô segue bem mais vazio. Por sorte, meu destino é a Tijuca, bairro da Zona Norte do Rio, e ainda assisto mais uma leva considerável descer no Estácio, rumo à linha 2.Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-37201658349909393562009-09-10T18:38:00.000-07:002013-02-05T11:01:13.248-08:00Nova onda<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1R6-JknftsrreuNb4zt9IjcMnpAK76O1s_bRu9E_Vz4tP6bEpxpnBAvQ3-1vT1xbAyAKSf2mOHTzPkz1TKCcafRnJCDAmTAh5nYTDGSj0ZwOe5Z7k3Utd9Jgm1WZY0IJOEYciig2Hb_0/s1600-h/brendan_bradley_mouseketeer.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1R6-JknftsrreuNb4zt9IjcMnpAK76O1s_bRu9E_Vz4tP6bEpxpnBAvQ3-1vT1xbAyAKSf2mOHTzPkz1TKCcafRnJCDAmTAh5nYTDGSj0ZwOe5Z7k3Utd9Jgm1WZY0IJOEYciig2Hb_0/s320/brendan_bradley_mouseketeer.jpg" width="320" /></a></div>
Dia de mar flat - sem onda. Costuma ser o fim do mundo para surfistas. Não mais para um grupo, maior a cada dia, que lançou moda no Rio, atraindo para cima de uma prancha pessoas que nunca haviam ousado dropar uma onda. A turma é adepta do Stand Up (SUP).<br />
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Quem costuma se refestelar nas areias do <a href="http://maps.google.com.br/maps?q=Posto%203%20Barra%20da%20tijuca%20RJ&oe=utf-8&rls=org.mozilla:pt-BR:official&client=firefox-a&um=1&hl=pt-BR&ie=UTF-8&sa=N&tab=wl">Posto 3 da Praia da Barra</a> já deve ter notado uns caras deslizando sobre as águas, o tempo todo de pé sobre a prancha e com um remo em punho. Nos dias em que o mar está como uma piscina, a glória para os banhistas, o grupo aproveita para fazer travessias, como de Ipanema à Urca, ou dar um pulo nas <a href="http://www.cagarras.com.br/">Ilhas Cagarras</a>.<br />
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"Não há quem não se renda a um convite para visitar a remo uma ilha próxima. As pessoas se sentem um pouco como Robinson Crusoé", conta <a href="http://kanecasurfboards.blogspot.com/">Marcelo Kaneca</a>, que fabrica pranchas desde 1968, e há dois anos se especializou na confecção de pranchões SUP.<br />
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O equipamento é inspirado nas canoas havaianas, que, lá mesmo, na capital do surfe, foram adaptadas para deslizar nas ondas. O resultado é uma prancha bem mais larga e comprida do que as convencionais. Consequentemente, facilita a vida dos iniciantes. A única dificuldade é encontrar o equilíbrio a cada remada. “Costumo dizer que, se você não for um quadrúpede, conseguirá ficar em pé nos primeiros 15 minutos”, completa Kaneca.<br />
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E não faltam pessoas dispostas a testar a teoria do shaper. O grupo Natiruts, autor da música <a href="http://letras.terra.com.br/natiruts/47608/">Surfista do lago Paranoá</a>, já deve estar vendo pranchas chegarem em Brasília, um dos principais compradores de Kaneca, ao lado de Minas Gerais. Se não tem mar, vai de lago e rio mesmo.<br />
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<b>Remadão imbatível</b><br />
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A prancha funciona quase como um canoa, deslizando sobre a água com a ajuda do remo, uma extensão do braço. Cada remada dentro d’água equivale a cinco braçadas, o que garante mais agilidade dentro d’água. Fica mais fácil, inclusive, entrar na onda. O uso do remo, quando colocado na água com a prancha em velocidade, proporciona manobras radicais. O desafio é não largar o instrumento nas quedas.<br />
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Mas o que vem encantando surfistas experientes é a nova perspectiva de visão do praticante do SUP. De pé, o adepto pode contemplar o horizonte, ou ver peixes, em dias de água clara. Sem contar que o esporte é o sonho de qualquer fisioterapeuta por trabalhar – e muito – músculos de diversas partes do corpo, como pernas, abdômen, coluna e braço.<br />
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O disseminador do surfe <a href="http://ricosurf.globo.com/">Rico de Souza</a> é um dos entusiastas da nova modalidade. Ele confeccionou sua primeira prancha de SUP há três anos, para Eraldo Gueiros, famoso big rider brasileiro. No ano passado, Rico organizou os dois primeiros campeonatos de SUP no Brasil, um deles no Rio, durante o<a href="http://www.petrobrasnasondas.com.br/Competicao/Default.html"> Petrobras Longboard Classic</a>. “As crianças e mulheres têm tido muita facilidade em aprender”, conta Rico.<br />
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Isso não quer dizer que o esporte seja bobinho. Julio Tedesco está aí para comprovar isso. O dentista é adepto do skydiving e pratica SUP há um ano. “Não sou um cara de fazer esporte bobinho”, diz. Vai encarar? É só aparecer no Posto 3 da Barra, no sábado pela manhã, que, certamente, encontrará quem o ajude com as primeiras dicas.Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-6593243627254559152009-08-21T19:15:00.000-07:002009-08-25T13:13:30.366-07:00Sente a maresiaPor falar em orla carioca, os bares e restaurantes praianos merecem um post à parte. Restaurantes árabes, chineses, italianos, fora os que se intitulam internacionais, disputam cada centímetro de pedra portuguesa.<br />
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"Temos comida espanhola, lusitana, francesa, veneziana e, claro, brasileira", vende-se com atochado sotaque espanhol, Henrique Abellera Rivas, sócio do Mabs, campeão em variedade no cardápio. O Arab faz seu próprio pão pita quentinho, na hora, a gosto do freguês. O Chinese Palace é o único lugar na cidade em que você decerto se sentirá desarticulado por não falar chinês.<br />
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Vamos ao mapa gastronômico da orla:<br />
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<div style="color: #351c75;"><span style="font-weight: bold;">Casa dos artistas</span></div><br />
Ao chegar, os clientes do <span style="font-weight: bold;">La Fiorentina</span> são recebidos por Ary Barroso - em bronze. Nas pilastras que sustentam a construção de pé direito alto, registros de personalidades como Nara Leão, Dercy Gonçalves, Roberto Menescal e Ariano Suassuna. Detalhistas vão demorar para conseguir pedir o prato na casa famosa por receber artistas e intelectuais nos anos 60, 70 e 80. Até hoje, porém, é possível sentir a presença da turma. No cardápio (imitando um jornal, com anúncio de peças em cartaz), há pratos como o camarão ao catupiry chamado Gloria Perez. "Por que ela gosta, ué!", diz o gerente José Pereira.<br />
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<i>Av. Atlântica, 458-A, Leme</i><br />
<i>Tel.: 2543-8395</i><br />
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<div style="color: #351c75;"><span style="font-weight: bold;">Italianíssimo</span></div><br />
Humberto Vegetti veio da impessoal Milão, aos 25 anos, trazendo a verdadeira culinária italiana para o calor de Copacabana. Para ele, a maior parte dos retaurantes não segue as receitas típicas. No <span style="font-weight: bold;">Da Brambini</span>,a massa é caseira e os ingredientes importados de sua terra natal. Apesar de não abrir mão do sabor italiano, Vegetti não troca o Rio por nada. Ele é casado com uma brasileira e só vai à Itália para visitar a família. "Adoro o carnaval, o sol e o jeito carioca. Milão é uma porcaria".<br />
<i>Av.Atlântica, 514-B, Leme.</i><br />
<i>Tel.: 2275-4346</i><br />
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<div style="color: #351c75;"><span style="font-weight: bold;">Mais de 100 pratos</span></div><br />
Tem rã, coelho, cordeiro, pato e o que mais o freguês imaginar. O <span style="font-weight: bold;">Mabs</span>, nome composto pela letra inicial do nome dos quatro espanhóis sócios da casa, oferece 100 pratos no cardápio, fora entradas, pizzas, sanduíches, sobremesas e até café da manhã. Nem eles sabiam que eram tantos. No fim, os carros-chefes da casa são mesmo o cozido e a feijoada.<br />
<i>Av. Atlântica, 1140, Copacabana.</i><br />
<i>Tel.: 2275-7299</i><br />
<div style="color: #351c75;"></div><div style="color: #351c75;"><span style="font-weight: bold;">Negócio da China</span></div><br />
"Não tem comida boa no Rio de Janeiro". A afirmação vem da China. Ou quase. O oriental Paulo Huang, há 30 anos no Brasil, completa: "Comida boa aqui, só mesmo no meu restaulante. Eu sou muito bom cozinheilo". A amostra está no <span style="font-weight: bold;">Chinese Palace</span>.<br />
<i>Av. Atlântica, 1212-A, Copacabana.</i><br />
<i>Tel.: 2265-0145</i><br />
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<div style="color: #351c75;"><span style="font-weight: bold;">Pita Quente</span></div><br />
Basta entrar no <span style="font-weight: bold;">Arab</span> e o freguês já sente o cheiro de pão árabe saindo do forno no fundo do salão. O lugar chama atenção também pela decoração com tapetes, castiçais, narguilês e dezenas de objetos garimpados e trazidos pela proprietária Vivian Arab. O sobrenome (real) significa "povos de lugares inóspios", diz ela. No menu estão as receitas que vêm de família, uma mistura de sírios e libaneses.<br />
<i>Av. Atlântica, 1935, Copacabana.</i><br />
<i>Tel.: 2235-6698</i><br />
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<div style="color: #351c75;"><span style="font-weight: bold;">Sesta sagrada</span></div><br />
Comer no <span style="font-weight: bold;">Don Camillo</span> significa apreciar sabores desenvolvidos a partir dos ensinamentos que o chef José Matias da Silva recebeu do mestre Angelo Neroni, fundador da casa. Mas nada de passar pelo restaurante entre as 15h e 17h se quiser comer pratos feitos diretamente das mãos do craque. A sesta é sagrada para o homem que também comandou os fogões do Satyricon, em Ipanema. Por isso, descansa no local de trabalho, aproveitando o quentinho do lugar.<br />
<i>Av. Atlântica, 3056, Copacabana.</i><br />
<i>Tel.: 2549-9958</i><br />
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<div style="color: #351c75;"><span style="font-weight: bold;">O cult</span></div><br />
O bar e restaurante <span style="font-weight: bold;">Atlântico</span> faz parte do roteiro de gente como o stylist Felipe Veloso e da princesa Paola de Orleans e Bragança - aquele tipo de gente descolada, sabe?<br />
<i>Av. Atlântica, 3880, Copacabana.</i><br />
<i>Tel.: 2513-2485</i><br />
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<div style="color: #351c75;"><span style="font-weight: bold;">Hype para o mar</span></div><br />
O <span style="font-weight: bold;">Azul Marinho</span> é badalado, mas reservado. Lá, a taça de champanhe vai até a areia se o cliente quiser. Como reúne características tão conraditórias? Da mesma forma que tem um ambiente elegante e praiano, com um ar de... fazenda!<br />
<i>Rua Francisco Bering, sem número, Arpoador.</i><br />
<i>Tel.: 2513-5014</i><br />
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<div style="color: #351c75;"><span style="font-weight: bold;">4 em 1</span></div><br />
O Marina tem três restaurantes com perfis distintos, todos virados para o mar. E mais um, na moita, para poucos e bons.<br />
<ul><li> No <b>Bar da Praia</b>, o clima é casual e o aroma, de maresia, faz sucesso há 10 anos na varanda do Marina Palace. </li>
<li>O<b>Vizta</b> é um restaurante sofisticado no segundo andar, também do Marina Palace. Sem exageros na conta. "Queremos que as pessas possam tomar vinho a um preço justo e experimentem uma gastronomia contemporânea e exclusiva", explica o chef executivo Felipe Bronze. </li>
<li>Os drinks roubam a cena no <b>Bar D'Hôtel</b>, restaurante cool do Marina All Suites. Cada estação tem novidades.<i> </i></li>
</ul><i>Av. Delfim Moreira, 630 e 696, Leblon.</i><i> </i><br />
<i>Tel.: 2172-1000</i><br />
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<div style="color: #351c75;"></div><div style="color: #351c75;"><span style="font-weight: bold;">Pra frente Brasil</span></div><br />
O chorinho, pedido tantas vezes por clientes, veio por fim com o fechamento do tradicionalíssimo <span style="font-weight: bold;">Caneco 70</span>, no Leblon, em 2006. No lugar do bar que festejava o tricampeonato mundial da seleção de Pelé e companhia surgiu um prédio. O edifício enterrou na boemia de um dos cantinhos mais gostosos da cidade. E que ninguém esquece.<br />
<i>Av. Delfim Moreira, 1026.</i>Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-30288853441968071762009-08-17T17:54:00.000-07:002013-02-05T11:02:00.564-08:00Das praias perdidas<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYT-_ZEHOQBqOfHEdejjjeRAXewOAwOKhsuo4Di7a4RhPlceHivwxabI2dNzmUtt3uSjb8ic3xDcq9ozeW9g2pQd6QhX3n6f35Nv_7ZuEK_Adv8ZOEGn1ohkZ7nqvAF8c76guQRko4QYE/s1600-h/DSC04889.JPG" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" height="214" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5371102070750903250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYT-_ZEHOQBqOfHEdejjjeRAXewOAwOKhsuo4Di7a4RhPlceHivwxabI2dNzmUtt3uSjb8ic3xDcq9ozeW9g2pQd6QhX3n6f35Nv_7ZuEK_Adv8ZOEGn1ohkZ7nqvAF8c76guQRko4QYE/s320/DSC04889.JPG" style="float: left; height: 134px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 200px;" width="320" /></a>Quem limita a orla carioca ao trecho que vai do Leme ao Pontal não sabe o que está perdendo. E não falo da Prainha, nem de Grumari, mas de três praias selvagens que deixam qualquer Garota de Ipanema com uma baita inveja. Para chegar lá, só percorrendo aproximadamente meia hora de trilha tranquila, tranquila.<br />
<br />
A subida pesada mesmo é percorrida de carro. O negócio é engatar a primeira e acreditar. No final da Praia de Guaratiba, siga pela esquerda e suba até o bar do Zequinha. Lá, pode perguntar para qualquer um – todos te mostrarão o ponto de partida com um sorriso no rosto. Muito em função das cervejinhas que um belo dia de sol proporcionam.<br />
<br />
A trilha não tem bifurcações... não dá para se perder. No meio do caminho, uma nascente cumpre o papel de fonte de água doce para algumas famílias que aproveitam um fim de semana ensolarado para partir de mala e cuia para lá. A praia é selvagem, mas nem um pouco solitária. De qualquer forma, o camping improvisado não chega a atrapalhar o passeio.<br />
<br />
A turma fica mesmo na Perigosa, primeira das praias, localizada aos pés da montanha chamada de Tartaruga. Lá de cima, a vista é sensacional. Desce tudo e de volta na trilha. Mais alguns minutinhos no mato, eis que surge a Praia do Meio, sabe-se lá por que a mais famosinha. Por último, nada mais nada menos que o Inferno e, quem diria, por lá é um refresco só.<br />
<br />
Vale a pena tirar a lancheira do mofo e partir para a aventura. O passeio é para um dia inteiro, o que exige aquele pique-nique com sanduíches, bolo pronto e muita água. Na volta para casa, a única dor de cabeça é manobrar naquela rua estreeeeita lá de cima de Barra de Guaratiba. Mas aquele mesmo parceiro, ainda mais alegre com as cervejas e o churrasco no fim da tarde, com certeza fará questão de prestar auxílio ao ilustre visitante.<br />
<br />
<span style="font-style: italic; font-weight: bold;">Foto: Robert Handasyde</span>Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-28447376929889965442009-08-13T18:35:00.000-07:002009-08-25T13:16:25.926-07:00Getúlio do Bondinho<span style="font-family: arial;">O mineiro Getúlio Damado chegou ao Rio garoto e logo descobriu o potencial dos pontos turísticos da cidade: são ótimos para conquistas. Já levou namoradas ao Cristo, Pão de Açúcar, Paquetá. O cenário preferido das paixões, porém, era o bondinho de Santa Teresa. Perfeito para os passeios românticos, o bonde acabou se tornando o ganha-pão de Damado. Criou uma réplica em tamanho menor na Rua Leopoldo Fróes, perto do supermercado conhecido como Maracanã, e lá montou seu ateliê de embalagens plásticas, e, claro, bondinhos de todos os tamanhos, que custam a partir de R$ 20.</span><br />
<br />
<span style="color: #000099; font-family: arial; font-weight: bold;">Quando você chegou ao </span><span style="font-family: arial;"><span style="color: #000099; font-weight: bold;">Rio?</span><br />
Logo depois da Copa de 70</span><span style="font-family: arial;">. Hoje tenho 53 anos.<br />
<br style="color: #351c75;" /> <span style="color: #000099; font-weight: bold;">Você deve conhecer todo mundo em Santa.</span><br />
Ih... Minha memória é péssima. As pessoas até me dão telefone, mas eu perco. Tenho problema com números e nomes. Já me casei um monte de vezes e não sei a data de nenhum dos <span style="color: black;">casamentos.</span><br />
<br />
<span style="color: #000099; font-weight: bold;">Isso deve ser um problema. Está casado?</span><br />
Já morei com seis criaturas. Conheci uma no trem e me casei no mesmo dia. Ela com três filhos e eu com dois. De repente, ela engravidou. Um dia, me disse: "Você é um cara maneiro, mas ganha pouco, vou ter que me virar". Somos amigos até hoje. Agora estou solteiro... Mulher reclama, dá muita aporrinhação. Mas sem ela a gente fica triste demais.<br />
<br />
<span style="color: #000099; font-weight: bold;">Você se considera que tipo de artista?</span><br />
Sou um artista duro mas, feliz. São Paulo, por exemplo, está empesteado de obra minha. Eu me comunico com o mundo inteiro.<br />
<br style="color: #351c75;" /> <span style="color: #000099; font-weight: bold;">Você fala várias línguas? Como vende para os turistas?</span><br />
Não gravo uma palavra que seja em outras línguas, eu me comunico por mímica. O que interessa é que comprem. As pessoas entendem minha arte, não é preciso falar.<br />
<br style="color: #351c75;" /> <span style="color: #000099; font-weight: bold;">Já trabalhou com outra coisa?</span><br />
Trabalhei um tempo num supermercado e dele comprei três filiais, com outros funcionários. O dono foi obrigado a nos vender barato e em prestações porque devia salários. Isso eu lembro bem porque nós falimos a casa.<br />
<br />
<span style="color: #000099; font-weight: bold;">Não pensa em montar uma loja?</span><br />
Aqui é um cantinho do céu para mim. É coberto, tenho luz, telefone, um radinho. Até bebo água na delegacia ou no supermercado.<span style="font-weight: bold;"></span></span><span style="font-family: arial; font-weight: bold;"><br />
</span>Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-71397781489511885752009-08-11T17:12:00.000-07:002013-02-05T11:02:22.477-08:00Pé na trilha<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmyQiYR4JpZ75rq4WHnP2JUuPNDZE_CG2Vv0Wj1ffoxFMKmhlZWIEmF3CIif8Zo4yt82BZ6bwR9EWkFaEjogyqkxz6olJlfMECwjMXjK5STzRottiOp9myiQEvC7gnk1GIw9G6cG8y-cs/s1600-h/DSC02360.JPG" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img alt="" border="0" height="214" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5368889695181664050" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmyQiYR4JpZ75rq4WHnP2JUuPNDZE_CG2Vv0Wj1ffoxFMKmhlZWIEmF3CIif8Zo4yt82BZ6bwR9EWkFaEjogyqkxz6olJlfMECwjMXjK5STzRottiOp9myiQEvC7gnk1GIw9G6cG8y-cs/s320/DSC02360.JPG" style="float: left; height: 134px; margin: 0pt 10px 10px 0pt; width: 200px;" width="320" /></a><span style="font-family: arial;">Os 93,5 mil metros quadrados do </span><a href="http://www.rio.rj.gov.br/fpj/pqlage.htm" style="font-family: arial;" target="_blanck">Parque Lage</a><span style="font-family: arial;"> impressionam por apresentar a feição de uma floresta natural, com um intrincado de árvores e arbustos de categorias e dimensões variadas. Pouco se parece com o </span><a href="http://www.jbrj.gov.br/" style="font-family: arial;" target="_blanck">Jardim Botânico</a><span style="font-family: arial;">, logo abaixo, na mesma rua, com exceção das palmeiras imperiais dispostas do portão à entrada da casa estilo colonial. Essa exuberância e aparente “desordem” sempre chamaram minha atenção, mais ainda ao descobrir o principal atrativo do local: a trilha para o </span><a href="http://www.corcovado.org.br/" style="font-family: arial;" target="_blanck">Cristo Redentor</a><span style="font-family: arial;">.</span><br />
<br />
<span style="font-family: arial;">Adoro esses “programas de índio”. Calça molinha, tênis e mochila a postos, com lanterna, biscoitos, e muita (muita!) água: lá vou eu 710 metros morro acima. A ideia de aliviar um pouco os dois litros d’água na bagagem some quando lembro da primeira vez que, anos atrás, botei meus pés nessa trilha. Cheguei ao topo com língua e lábios grudados como papel de bala.</span><br />
<br />
<span style="font-family: arial;">Longe de qualquer sacrifício, o início do percurso pode ser descrito como um passeio bastante agradável, que qualquer pessoa, acostumada a percorrer o trajeto cama-sofá, é capaz de fazer. A etapa praticamente plana tem direito a três quedas d’água, que não são das mais exuberantes, mas refrescam como só uma cachoeira é capaz.</span><br />
<br />
<span style="font-family: arial;">Há alguns anos, assaltos afastaram as pessoas desta trilha. Dizem que alguns sem-teto chegaram a morar ali, meio acampados, pela falta de segurança no parque. Hoje, sabe-se lá por que, só há mato mesmo. De qualquer forma, uma vez que os micos que surgem ao longo do percurso não vendem suas bananas – até porque não há bananeiras na Mata Atlântica – é melhor deixar seu rico dinheirinho em casa.</span><br />
<span style="font-family: arial; font-weight: bold;"><br />Não dê pipoca aos macacos</span><br />
<br />
<span style="font-family: arial;">Os pequenos animais por aqui, aliás, não querem dar, mas receber. Os bichos, acostumados a ser alimentados pelos visitantes, se aproximam e vão seguindo o grupo. E você já deve ter ouvido por aí: “Não dê pipoca aos macacos”. Nem banana, por favor. O ato é uma condenação para eles, uma vez que desaprendem a buscar seus próprios alimentos – insetos e frutas silvestres – além de passarem a se reproduzir em escala maior do que o normal.</span><br />
<br />
<span style="font-family: arial;">A parte mais difícil da trilha está logo no final. Uma subida rochosa requer equilíbrio e cuidado. Alguns ganchos de escalada sugerem que ali já teve uma corda ou algo para ajudar na subida. Depois desse ponto mais alguns metros, chega-se ao fim da trilha, no trilho do </span><a href="http://www.corcovado.com.br/" style="font-family: arial;" target="_blanck">trem</a><span style="font-family: arial;">. A recepção fica por conta de alguns santos – São Judas Tadeu, coitado, perdeu a cabeça e é escondido por biombos de madeira para não ser visto por quem vem de bonde. Esqueceram de tapá-lo também para quem vem da trilha. Além dele, Nossa Senhora de Aparecida e São Sebastião fazem as honras.</span><br />
<br />
<span style="font-family: arial; font-weight: bold;">Fora dos trilhos</span><br />
<br />
<span style="font-family: arial;">É preciso então seguir pela estrada de ferro, mas com cuidado. O trem passa de 15 em 15 minutos. Surge então a primeira recompensa. A vista da Lagoa, Praia do Leblon e de Ipanema. Vale a pausa, geralmente feita no teto de concreto de uma pequena casa, sem função aparente. Hora de repor as energias para seguir adiante. Dos trilhos avista-se pela primeira vez o Cristo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: arial;">Na entrada do monumento, uma decepção. Seguranças informam que ingressos (R$ 13) não são vendidos no local, somente 2,5 km estrada abaixo, onde os carros são obrigados a estacionar (R$ 2). Que ótimo! Não pensaram em quem vem de trilha. Uma saída é descer a pé pela estrada que desemboca no Cosme Velho. Ou pagar R$ 45 e pegar o bonde. Ou fazer o caminho de volta. Até porque, para baixo, todo santo ajuda.</span><br />
<br />
<span style="font-family: arial; font-style: italic; font-weight: bold;">Foto: Robert Handasyde</span>Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4008470813342121106.post-53364979826023939832009-08-09T14:21:00.000-07:002009-08-13T18:47:21.907-07:00A ilha do tesouro<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSbpcySu0vIkMbaVeD_L3Qfwu4tlXOd_7ljAMZ4Xhk6wLAtiPZMhhO8XyT4qvQdl8FEsiCxzfFKhNQi723Vq4tqFT0Ui7TIqpnFvddW0ezIeVSgDqHTk8EW8VmlYEODQmlgb1mzlIlqRw/s1600-h/DSC03055.JPG"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 134px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSbpcySu0vIkMbaVeD_L3Qfwu4tlXOd_7ljAMZ4Xhk6wLAtiPZMhhO8XyT4qvQdl8FEsiCxzfFKhNQi723Vq4tqFT0Ui7TIqpnFvddW0ezIeVSgDqHTk8EW8VmlYEODQmlgb1mzlIlqRw/s200/DSC03055.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5368083406235693826" border="0" /></a><meta equiv="Content-Type" content="text/html; charset=utf-8"><meta name="ProgId" content="Word.Document"><meta name="Generator" content="Microsoft Word 11"><meta name="Originator" content="Microsoft Word 11"><link rel="File-List" href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CRENATA%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml"><o:smarttagtype namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags" name="metricconverter"></o:smarttagtype><!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:compatibility> <w:breakwrappedtables/> <w:snaptogridincell/> <w:wraptextwithpunct/> <w:useasianbreakrules/> <w:dontgrowautofit/> </w:Compatibility> <w:browserlevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:latentstyles deflockedstate="false" latentstylecount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if !mso]><object classid="clsid:38481807-CA0E-42D2-BF39-B33AF135CC4D" id="ieooui"></object> <style> st1\:*{behavior:url(#ieooui) } </style> <![endif]--><style> <!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:Calibri; panose-1:0 0 0 0 0 0 0 0 0 0; mso-font-alt:"Century Gothic"; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-format:other; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:3 0 0 0 1 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin-top:0cm; margin-right:0cm; margin-bottom:10.0pt; margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:Calibri; mso-fareast-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} --> </style><!--[if gte mso 10]> <style> /* Style Definitions */ table.MsoNormalTable {mso-style-name:"Tabela normal"; mso-tstyle-rowband-size:0; mso-tstyle-colband-size:0; mso-style-noshow:yes; mso-style-parent:""; mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-para-margin:0cm; mso-para-margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:10.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-ansi-language:#0400; mso-fareast-language:#0400; mso-bidi-language:#0400;} </style> <![endif]--><span style="font-family: arial;font-family:arial;" >Durante dois anos – 24 meses! -, José Sabino da Silva Júnior acordou todos os dias às 6h para apagar o Farol da Ilha Rasa, ponto luminoso que vem do pedaço de terra cercado de água por todos os lados, a 10 km da praia de Copacabana. Apesar das maravilhas tecnológicas que orientam quem circula sobre as ondas, o farol continua lá, positivo e operante, há exatos 180 anos.</span>
<br />
<br /><span style="font-family: arial;font-family:arial;" >Voltando àqueles dois anos específicos, também era o sargento da Marinha, Sabino, quem acionava a lâmpada dentro da cúpula de lentes todo dia às 18h. Além disso, uma limpadinha no jardim e... nada mais. Acompanhado da mulher e um filho de dois anos, Sabino lembra com saudade do período - 1996 a 1998 - em que via o Rio de um ângulo um tanto incomum.</span> <span style="font-family: arial;font-family:arial;" >
<br />
<br />Depois da temporada, Sabino voltou a morar na ilha 10 anos mais tarde, em 2008, desta vez por apenas três meses e sem a família. “Emagreci 3 quilos”, lembra. Sabe-se lá por que a comida era ruim ou por que encarava 450 metros de aclive da base da ilha até o farol, três vezes ao dia.</span> <span style="font-family: arial;font-family:arial;" >
<br />
<br />Agora, o sargento retorna com a missão de levar para o atual faroleiro, Anselmo Luiz Viana de Araújo, uma geladeira, eletrodoméstico essencial para quem vai passar os próximos meses por ali. A máquina sai do barco e chega à ilha por meio de um guindaste, que carrega numa cadeirinha os visitantes também.</span> <span style="font-family: arial;font-family:arial;" >
<br />
<br />Junto ao ferro-novo, uma surpresa. “Opa! O pessoal trouxe pão francês! Isso é que é amizade...”, comemora o sargento Anselmo.</span> <span style="font-weight: bold; font-family: arial;font-family:arial;" >
<br />
<br />O farol</span> <span style="font-family: arial;font-family:arial;" >
<br />
<br />Depois da recepção, acende, sem atraso, a lâmpada de mil watts cuja luz é intensificada pelo impressionante conjunto de lentes que a cercam. A luminosidade, que equivale a de 2,5 mil velas, alcança olhos distantes até 50 km dali. Os feixes saem do alto da torre de 26 metros, alcançada por uma escada de 107 degraus – sim, sargento Anselmo parou para contá-los.</span>
<br />
<br /><span style="font-family: arial;font-family:arial;" >Deste momento em diante, até as 6h do dia seguinte, o farol funciona como um placar anunciando: Rio de Janeiro. Sargento Anselmo explica: “Cada farol tem um período de rotação da lente, como se fosse um código que dá uma assinatura para ele. A função do farol não é só indicar que há continente por perto, mas dizer que lugar é aquele”.</span>
<br />
<br /><span style="font-family: arial;font-family:arial;" >Na França, onde estão alguns dos mais famosos, foi criada a <a href="http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL470525-5602,00-SIMBOLO+DO+PATRIMONIO+HISTORICO+FAROIS+ESTAO+DESAPARECENDO+NA+FRANCA.html" target="_blanck">Sociedade Nacional para o Patrimônio de Faróis</a> e Sinalizações para salvá-los da deterioração do tempo e de sua superação pela tecnologia.</span><span style="font-family: arial;"> </span><span style="font-family: arial;font-family:arial;" >Os defensores dos faróis os consideram simbólicos por representarem a presença do homem no oceano e alimentarem o imaginário coletivo com cenas de pirataria e disputas no mar.
<br />
<br />Curiosamente, o próprio Farol da Ilha Rasa teve sua inauguração adiada ao ser vítima de saque por corsários argentinos, durante o transporte do jogo de lentes da França para o Brasil. Uma nova estrutura teve que ser encomendada às pressas à Europa, por D. João VI. Desde então, nunca apagou.</span>
<br />
<br /><span style="font-family: arial;font-family:arial;" >Sabino se despede de Anselmo e volta para Niterói, onde trabalha com a vista da Baía de Guanabara e da Ponte Rio-Niterói. Mas para matar as saudades, basta dar um pulo a alguma das praias cariocas, depois do cair do sol, e olhar para o horizonte. À esquerda das <a href="http://www.cagarras.com.br/" target="_blanck">Cagarras</a>, lá está ela, a Ilha Rasa – de farol aceso. </span>
<br />
<br /><span style="font-weight: bold; font-style: italic; font-family: arial;">Foto: Robert Handasyde</span>
<br /><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; line-height: normal;"><span style=";font-family:";font-size:12;" ><o:p></o:p></span></p> Renata Leitehttp://www.blogger.com/profile/16715975522895621551noreply@blogger.com0